Títulos: Luz Coada por Ferros
Herança de Lágrimas
Autora: Ana Plácido
Editora: Co-edição Lello & Irmão / CM-VNF)
Estado de conservação: Novos
Edição: Edição numerada e encadernada a linho de duas obras de
Ana Plácido, acompanhadas pelo ensaio 'Ana Plácido: a mulher que se maravilhou
a si própria' de Aníbal Pinto de Castro."
Preço: 50,00 € (Luz Coada por Ferros / Herança de Lágrimas / Ana Plácido: a mulher que se maravilhou a si própria
Referência: 2212002
Sinopse: Os contos e textos autobiográficos que compõem este livro, o
primeiro publicado por Ana Plácido, em 1863, foram escritos durante os 18 meses
de prisão (de Junho de 1860 a Outubro de 1861) a que a autora foi condenada
pelo adultério que assumiu ter cometido com Camilo Castelo Branco, que amava
desde os 15 anos de idade, e com o qual viria a casar depois da morte do
marido, um homem rico ao qual os pais a haviam literalmente vendido aos 19
anos, quando esse homem que a comprou tinha 43 anos.
Histórias de paixão, infelicidade, infidelidade e desilusão,
magnificamente imaginadas e escritas, dialogam nesta obra singular com as
«meditações» pessoais da autora sobre a injustiça de que foi vítima, exortando
lucidamente as mulheres a que não se resignem a ser apenas «boas governantas de
casa, e boas mães de família».
Luz Coada por Ferros é a revelação da poderosa voz literária
de Ana Plácido, grande escritora do século XIX que não teve ainda o merecido
reconhecimento, e uma antecipação prodigiosa da reflexão sobre a emancipação
feminina realizada por Virginia Woolf, no fim da segunda década do século XX,
em Um Quarto Que Seja Seu.
Escreve Ana Plácido: «Hoje, quando os meus verdugos me
supõem dias terríveis de desesperança e amargura, eu digo à alma que suba, à
inteligência que se ilumine, e de pronto uma chama misteriosa me aclara esta difícil
ascensão.»
Diana de Sepúlveda vive um casamento sólido com um homem
mais velho, a quem vê quase como um pai. O avassalador aparecimento na sua vida
de Nuno, um jovem poeta, precipitará Diana numa abissal visita ao passado
obscuro da sua própria família. A descoberta do segredo da geração que a
antecede vai determinar o modo como lidará com a eventualidade de um novo amor.
Sob o pseudónimo masculino de Lopo de Sousa, onze anos
depois de ter sido presa por adultério devido à sua ligação com Camilo Castelo
Branco, Ana Plácido escreveu este apaixonante romance.
Usando a voz epistolar da protagonista na primeira parte, e
na segunda recorrendo a um narrador na terceira pessoa, sem nunca perder a
estrutura do enredo — revelando um grande domínio das técnicas narrativas —, a
escritora desenvolve um estudo sobre os temas do casamento forçado, da
infidelidade conjugal e das suas consequências à luz da dualidade de valores
com que a hipocrisia social da segunda metade do século XIX julgava moralmente
os dois sexos.
A entrega do corpo da mulher ao marido era vista como um
dever, ao passo que a separação era considerada uma infâmia, que prejudicava as
mulheres quanto aos seus desejos, aos seus direitos e à disposição dos seus
bens, ferindo-lhes a dignidade, cerceando-lhes a liberdade e mesmo a
sobrevivência, e impossibilitando-lhes a construção de um futuro sem o homem.