Luís Sepúlveda foi, e em primeiro lugar, fruto de uma época que
só poderia convertê-lo num contador de histórias. A ditadura de Augusto
Pinochet, a guerra do Vietname, a descolonização em África, a revolução cubana,
o maio de 68 antes do maio de 68 francês. E a Guerra Fria, que foi useira e
vezeira da América Latina. De criança à vida adulta, o escritor chileno esteve
sempre um pouco por dentro das convulsões sociais da segunda metade do século
XX.
Nascido em 1949, numa pequena vila chamada Ovalle, no Chile,
envolveu-se na política muito novo, ainda na faculdade. Antes veio o teatro, ou
a produção teatral, na Universidade Nacional do Chile. Um género que iria
marcar muito da sua vida antes de se tornar um autor mundialmente famoso. Ainda
em adolescente, decide ler Moby Dick, de Herman Melville, com 16 anos. É com
esse livro que desperta uma dúvida que iria levá-lo até ao género da fábula, ao
reino animal, esse “convite à literatura”.