(Contos)
Autor: Cristina Torres
Desenhos de: Adolfo de Macedo
Depositária: Livraria Victor - Braga
Oficina: Oficina Gráfica Augusto Costa
Edição: 1ª edição
Ano: 1949
Capa: Brochura
Número de páginas: 32
Dimensões: 14,5 cm x 24,5 cm
Estado de conservação: Bom, exemplar estimado
Preço: 35,00 € (Valorizado com extensa dedicatória da autora)
Referência: 2004061
Sinopse: "Pouco conhecida enquanto defensora dos direitos das
mulheres, sobretudo quando comparada com as contemporâneas, Cristina Torres
teve um percurso invulgar, até pelas suas origens modestas, pautando-se, ao
longo de toda a vida, por uma sólida coerência e postura cívica. Natural da
Figueira da Foz [n. 21/03/1891], filha de Ricardo Torres dos Santos, alfaiate,
e de Delfina da Cruz Marques, casou, em 1914, com o jornalista Albano Correia
Duque de Vilhena e Nápoles (1894-1963).
Frequentou desde pequena as sociedades operárias,
recreativas, educativas, republicanas e maçónicas, festejou nas ruas a
implantação da República, tendo militado no Partido Republicano Português, tal
como o marido, começou a trabalhar muito nova como costureira e estudou, à
noite, na Escola Industrial local. Fundou, em 1911, a Fraternidade Feminina,
Associação de Instrução e Beneficência responsável pelo funcionamento de uma
escola nocturna para raparigas e, no ano seguinte, com 21 anos, partiu para
Coimbra, onde continuou a labutar como modista enquanto estudava no Liceu e,
posteriormente, na Faculdade de Letras (anos lectivos de 1916/1917 a
1918/1919), onde concluiu, em Novembro de 1920, o curso de
Histórico-Geográficas.
Leccionou, entre 1915 e 1922, em Escolas Móveis de Coimbra e
Montemor-o-Velho e, entre Janeiro de 1922 e Julho de 1924, exerceu como
professora provisória a docência na Escola Comercial da Figueira da Foz. Neste
último ano, e devido a diligências dos seus alunos, foi nomeada professora
efectiva da Escola Industrial de Bernardino Machado. Na sequência do trabalho
desenvolvido como educadora e pedagoga, expôs Teses em vários Congressos
(Coimbra, Abril de 1918 - Porto, 1927 - Lisboa, Outubro de 1931); associou-se
ao projecto de fundação na Figueira da Foz de uma Delegacia da Universidade
Livre de Coimbra (1929), responsável pelo funcionamento de cursos nocturnos de
educação básica; e foi nomeada Delegada Voluntária de Vigilância para a Tutoria
da Infância da respectiva Câmara Municipal (26/02/1932).
Manteve simultaneamente intensa actividade propagandista,
promoveu conferências, discursou em sessões e pronunciou-se, na imprensa
regional da Figueira e de Coimbra, sobre questões feministas, educativas e
políticas, para além de publicar esporadicamente poemas e contos para crianças.
Utilizou os pseudónimos de Maria República, nos artigos de carácter político, e
Nô-quim, nos textos dirigidos aos mais novos.
Mulher simples e voluntariosa, obreira de uma persistente
actividade pedagógica dirigida aos desfavorecidos, ao operariado e às mulheres,
Cristina Torres acabou por ser vítima da corajosa oposição ao Salazarismo e foi
transferida compulsivamente, em Dezembro de 1932, para a Escola Industrial e
Comercial de Bartolomeu dos Mártires, em Braga, onde permaneceu dezassete anos.
Datam desse período os dois livrinhos (de Contos e Fábulas) que escreveu,
dedicados “Às raparigas e rapazes que passaram pelas minhas aulas e a quem devo
as melhores horas da minha vida”, e os seus artigos para a Seara Nova, então
dirigida por Câmara Reys.
Foi afastada do ensino em 1949, na sequência da participação
na Campanha de Norton de Matos à Presidência da República, e obrigada a
aposentar-se. De regresso à Figueira, subsistiu através de explicações,
continuou a resistência ao Estado Novo – pertenceu à Comissão Nacional do III
Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro, em 1973 – e saudou com
emoção e alegria a data de 25 de Abril de 1974, apesar dos seus 83 anos. Tinha
a felicidade de, pela segunda vez na vida, festejar na rua a mudança de regime
político: 64 anos depois de se empenhar no triunfo da República, era a vez de
assistir ao início da Democracia, pela qual tanto tinha lutado e sacrificado.
Meses depois, aderiu ao Partido Socialista e faleceu a 1 de Abril de 1975.
Ofereceu o seu espólio, bem como o do marido, ao Museu e à
Biblioteca da terra natal. Constituído por manuscritos, correspondência,
artigos publicados, discursos, panfletos, informações acerca da intervenção
política e enquanto professora e educadora, documentos biográficos, homenagens
e fotografias, serviu de base à exposição que a Câmara Municipal lhes dedicou
em 1992 e da qual resultou um minucioso catálogo."
[v. João Esteves, "Santos, Cristina Torres dos",
Dicionário de Educadores Portugueses (dir. de António Nóvoa), Asa, 2003;
"Cristina Torres dos Santos", Dicionário no Feminino (séculos
XIX-XX), Livros Horizonte, 2005]
[João Esteves]