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domingo, 24 de junho de 2018

Direcção Perigosa (Reflexos da Carta do Senhor Bispo do Porto)

Título: Direcção Perigosa
            (Reflexos da Carta do Senhor Bispo do Porto)
Autor: Mariano Calado
Editora: Jornal "A Voz"
Edição: Separata dos artigos publicados no jornal "A Voz", nos dias 12, 13, 14, 15 e 16 de Março de 1959.
I Parte, O Caso em si
II Parte, O caso perante a concordata
Em apêndice, Ignorância ou Má Fé?
Ano: 1959
Dimensões: 15,8 cm  x 23,5 cm
Nº páginas: 32
Capa: Brochura

Preço: 15,00 €
Referência: 1806026

Sinopse: BISPO DO PORTO, D. ANTÓNIO FERREIRA GOMES ( 1906-1989)

"Nasceu na freguesia de Milhundos (Penafiel). Uma das mais notáveis figuras da Igreja Católica Portuguesa no século XX. D. António Ferreira Gomes distinguiu-se na acção pastoral e na orientação das relações entre a Igreja Católica e o Estado.
Após as eleições presidenciais de 1958, D. António Ferreira Gomes, então Bispo do Porto, escreveu uma longa e corajosíssima carta a Salazar, que lhe valeu dez anos de exílio em Espanha, França e Alemanha (entre 1959 e 1969). Essa carta foi um marco na resistência dos católicos contra a ditadura, um incentivo à sua acção contra a Ditadura.

.«D. António Ferreira Gomes foi um defensor determinado e consistente de um modelo de relações baseado na separação entre Igreja e Estado. Uma separação assente na delimitação das esferas de competências e no respeito mútuo, sem prejuízo dos ideais que a Igreja Católica entenda dever manifestar e dar público testemunho.
Não era fácil - e não foi fácil - a um homem da Igreja defender essa linha de independência entre a Igreja e o Estado, sobretudo num tempo em que a tendência para a instrumentalização recíproca era muito forte.
A coragem com que se bateu pelas suas convicções valeu-lhe, como se sabe, o afastamento compulsivo da sua diocese em 1959 e uma longa permanência no estrangeiro.
Durante 10 anos o regresso a Portugal foi-lhe negado, de forma arbitrária e injusta.

O "Caso do Bispo do Porto", colocando o regime autoritário de Salazar contra a reivindicação de autonomia e de liberdade formulada por um prestigiado dignitário da Igreja Católica, teve profundas repercussões na vida nacional. E fez de D. António Ferreira Gomes uma personagem de referência fundamental para a Democracia portuguesa.

A palavra do Bispo do Porto em 1959 conferiu ânimo e até dignidade aos movimentos de inspiração cristã que lutavam por direitos de participação cívica e política fora do alinhamento com o regime de Partido único. Um numeroso grupo de católicos pôde assim, não apenas questionar o salazarismo em termos de princípios, mas também intervir na própria luta política, em cooperação com outras forças da oposição.
Este facto criou condições - porventura decisivas - para que o 25 de Abril de 1974 tivesse podido contar com uma pluralidade de intervenientes e suscitado adesão também de uma pluralidade de sectores de opinião da sociedade portuguesa. A matriz da Democracia é a tolerância. A Democracia portuguesa integrou esse vector fundamental desde o início, e garantiu com ele a sua própria sobrevivência. Esse é porventura um dos legados da acção, antes e depois do 25 de Abril, do Bispo do Porto.» - Excerto do discurso de Jorge Sampaio na Homenagem a D. António Ferreira Gomes, em 15 de Abril de 1999.


No ano de 1969, devido a diligências da ala liberal, em colaboração com padres diocesanos actuantes junto da Nunciatura, Marcelo Caetano autoriza a sua entrada em Portugal. Não deixa de ser uma figura incómoda para o regime. São exemplos disso a presença no julgamento do P. Mário Pais de Oliveira nos dias 7 e 8 de Janeiro de 1971, a homilia da paz de 1972 quando fala da teologia da guerra e inclui referências à «virtudes militares» dos capelães, o interdito à paróquia de Mozelos no dia 1 de Janeiro de 1974."