quarta-feira, 20 de março de 2024

Na noite de 20 para 21 de Março de 1888, faz esta noite 136 anos, um incêndio destruía o Teatro Baquet, na Baixa do Porto


Na noite de 20 para 21 de Março de 1888, faz esta noite 136 anos, um incêndio destruía o Teatro Baquet, na Baixa do Porto Rua de Santo António e morrem cerca de 120 pessoas, 88 das quais estão sepultadas numa vala comum no cemitério de Agramonto.

Mandado construir pelo alfaiate portuense António Pereira Baquet, o Teatro Baquet tinha frente para as ruas de Santo António e de Sá da Bandeira. Inaugurado no Carnaval de 1859, constituiu uma sala de espetáculos emblemática da cidade, reconhecido pela oferta vasta e acessível a todas as camadas sociais.

António Pereira Baquet morreria cerca de 10 anos depois, mas o seu projeto continuou vivo. No
entanto, na noite de 20 para 21 de março de 1888, quando se representava uma ópera cómica e a sala se encontrava com lotação esgotada, deflagrou um violento incêndio nos bastidores. O fogo destruiu o teatro por completo, perecendo na tragédia cerca de 120 pessoas.

Em memória das vítimas do incêndio construiu-se, no Cemitério de Agramonte, o mausoléu com materiais pertencentes ao próprio edifício do Teatro Baquet, pedaços de ferro torcidos pelo fogo e uma enorme coroa de martírios também em ferro, simbolizando a morte das vítimas.

Em singela homenagem lembramos hoje essa catástrofe que enlutou o Porto e todo o país.



segunda-feira, 18 de março de 2024

"Como gosto, meu amor, de chegar antes de ti para te ver chegar": Nuno Júdice 1949-2024


É nos teus olhos

É nos teus olhos que o mundo inteiro cabe,
mesmo quando as suas voltas me levam para longe de ti;
e se outras voltas me fazem ver nos teus os meus olhos,
não é porque o mundo parou,
mas porque esse breve olhar nos fez imaginar
que só nós é que o fazemos andar.
         
                                                                                       Nuno Júdice


domingo, 10 de março de 2024

Canto III - Onde as viagens no tempo acontecem

 


Poesia - Eugénio de Andrade

Título: Poesia
Autor: Eugénio de Andrade
Editor: Modo de Ler
Prefácio: Não tendo sido possível, por motivos de saúde, pedir a Óscar Lopes um prefácio para esta edição utilizou-se um texto do grande estudioso da obra de Eugénio de Andrade - "A Mãe d´Água ou A Poesia de Eugénio" publicado em 1993, que era de particular predilecção do poeta.
Número de páginas: 714
Encadernação: Encadernação editorial com sobrecapa
Ano: 2011
Dimensões:
Estado de conservação: Livro novo

Preço:  50,00 €
Referência: 2403001

Sinopse: "Poesia" de Eugénio de Andrade reúne toda a sua obra poética, desde "Primeiros Poemas" (recuperados dos dois primeiros livros - Adolescente e Pureza- que o autor repudiou) e "As Mãos e os Frutos" (1948) até "Os Sulcos da Sede" (2001), a sua última obra poética. Não tendo sido possível, por motivos de saúde, pedir a Óscar Lopes um prefácio para esta edição utilizou-se um texto do grande estudioso da obra de Eugénio de Andrade - "A Mãe d´Água ou A Poesia de Eugénio" publicado em 1993, que era de particular predilecção do poeta.

Autor: "Eugénio de Andrade, poeta português, Eugénio de Andrade (1923-2005), pseudónimo de José Fontinhas, nasceu a 19 de janeiro de 1923 no Fundão. Em 1947 ingressou na função pública, como funcionário dos Serviços Médico-Sociais, e em 1950 fixou residência no Porto. Manteve sempre uma postura de independência relativamente aos vários movimentos literários com que a sua obra coexistiu ao longo de mais de cinquenta anos de atividade poética. Revelando-se em 1948, comAs Mãos e os Frutos, a que se seguiria, em 1950, Os Amantes sem Dinheiro, o seu nome não se encontra vinculado a nenhuma das publicações que marcaram, enquanto lugar de reflexão sobre opções e tradições estéticas, a poesia contemporânea, embora tenha editado um dos seus volumes, As Palavras Interditas, na coleção "Cancioneiro Geral" e colaborado em publicações como Árvore, Cadernos do Meio-Dia ou Cadernos de Poesia. É, aliás, nesta última publicação, editada nos anos quarenta, que se firmam algumas das vozes independentes, como Ruy Cinatti, Sophia de Mello Breyner Andresen ou Jorge de Sena, que inaugurariam, no século XX, essa linhagem de lirismo depurado, exigente, atento ao poder da palavra no conhecimento ou na fundação de um real dificilmente dizível ou inteligível, em que Eugénio de Andrade se inscreve. A escolha dos inofensivos substantivos "pureza" e "leveza" para referir a sua obra derivará talvez da noção do impulso de purificação que a sua poética confere às palavras através da exploração de um léxico essencial até à exaltação. Quando Maria Alzira Seixo fala do caminho que esta poesia percorre "na senda do rigor da lápide" ("Every poem is an epitaph", já dizia Eliot) levanta o véu de um dos pontos fulcrais desta poesia que, nas palavras do próprio Eugénio de Andrade (Rosto Precário), se afirma como o "lugar onde o desejo ousa fitar a morte nos olhos". Falar desta obra como morada da "leveza" e da "pureza" é encobrir o que nela há de ofício de paciência e de desesperada busca. Talvez seja preferível falar da força básica de um léxico de tal maneira investido da radicação do corpo do objecto amado no mundo e na sua paisagem que é capaz de impor o desejo da luz no coração das trevas da mortalidade. Eugénio de Andrade surgirá, assim, como o poeta da "correlação do corpo com a palavra" (Carlos Mendes de Sousa), da sexualidade trabalhada verbalmente até atingir uma "zona gramatical cega" (Joaquim Manuel Magalhães) onde o referido sexual não tem género gramatical referente porque o discurso em que vive pertence já a uma dimensão cuja musicalidade representa a recuperação de uma voz materna intemporal. Eugénio de Andrade foi elemento da Academia Mallarmé (Paris) e membro fundador da Academia Internacional "Mihail Eminescu" (Roménia). Para além de tradutor de vários autores, cujas obras recriou poeticamente (García Lorca, Safo, Borges), e organizador de várias antologias poéticas, é autor de obras como Os Afluentes do Silêncio (1968), Rosto Precário (1979), À Sombra da Memória (1993) (em prosa), As Mãos e os Frutos (1948), As Palavras Interditas (1951), Ostinato Rigore (1964), Limiar dos Pássaros (1976), Rente ao Dizer (1992), Ofício da Paciência (1994), O Sal da Língua (1995) e Os Lugares do Lume (1998). Recebeu ao longo da sua vida vários prémios: Pen Clube (1986), Associação Internacional dos Críticos Literários (1986), Dom Dinis (1988), Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores (1989), Jean Malrieu (França, 1989), APCA (Brasil,1991), Prémio Europeu de Poesia da Comunidade de Varchatz (República da Sérvia, 1996), Prémio Vida Literária atribuído pela APE (2000) e, em maio de 2001, o primeiro prémio de poesia "Celso Emilio Ferreiro" atribuído em Orense, na Galiza. Em 2001, a 10 de maio, Eugénio de Andrade foi homenageado na Universidade de Bordéus por altura da realização do "Carrefour des Littératures", tendo sido considerado um dos mais importantes escritores do século XX. Estiveram presentes várias ilustres personalidades, entre elas o Presidente da República Portuguesa Jorge Sampaio. A 10 de Julho foi distinguido com o Prémio Camões e, ainda no mesmo ano, foi lançado um CD com poemas recitados pelo próprio autor. Em 2002, foram atribuídos os prémios PEN 2001 e Eugénio de Andrade recebeu o prémio da área da poesia pela sua obra Os Sulcos da Sede. No dia em que comemorou o seu octogésimo aniversário foi homenageado na Biblioteca Almeida Garrett do Porto. Em 1991, foi criada na cidade do Porto a Fundação Eugénio de Andrade. Para além de ter servido de residência ao poeta, esta instituição tem como principais objetivos o estudo e a divulgação da obra do autor assim como a organização de diversos eventos como, por exemplo, lançamentos de livros, recitais e encontros de poesia. In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2005."