domingo, 19 de outubro de 2025

António Borges Coelho (1928-2025)

Morreu o importante e marcante historiador António Borges Coelho que o fascismo não vergou, tinha 97 anos. Formado em História, dedicou-se também ao ensino na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Foi opositor do regime do Estado Novo, tendo sido militante do Partido Comunista durante a ditadura. Por esse motivo, foi preso político e impedido de dar aulas até ao 25 de Abril.

Biografia

"António Borges Coelho nasceu em Murça (Vila Real), a 7 de outubro de 1928. Decidido a ser frade franciscano, entrou para o seminário de onde acabaria por ser expulso.

No final da década de 1940 entra na Faculdade de Direito Lisboa, mas abandona os estudos para dedicar-se exclusivamente à política. Em 1949 integra o Movimento de Unidade Democrática (MUD) Juvenil e, depois, o Partido Comunista Português (PCP). A 3 de janeiro de 1956, já como dirigente do PCP na clandestinidade, é preso pela PIDE, recolhendo à cadeia do Aljube. Seguirá para Caxias e para a delegação da PIDE no Porto. Julgado em junho de 1957, condenado a dois anos e nove meses de prisão, segue para a prisão de Peniche e terminada a pena é sujeito a medidas de segurança. Durante a prisão em Peniche, casa com Isaura Silva, em 1959. Um ano depois, Borges Coelho opta por não integrar a fuga de Peniche de vários dirigentes do PCP. Recusava nova clandestinidade e pretendia dedicar-se a uma carreira como historiador após a libertação. Seria, no entanto, castigado e enviado para o Aljube, onde é submetido à tortura da estátua e a seis meses de isolamento. Regressado a Peniche, dedica-se ao trabalho de escrita histórica. Em 1962 ser-lhe-ia concedida liberdade condicional por um período de cinco anos. Em 1967 conclui a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Lisboa. Em 1968 tornou-se jornalista, n’ A Capital. Trabalhou também no Diário de Lisboa, Diário Popular, Vértice ou Seara Nova. Catedrático jubilado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa publicou obras como As Raízes da expansão Portuguesa, A Revolução de 1383, Questionar a História, A Inquisição em Évora (1987) e vários volumes da História de Portugal.

Sócio fundador do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória (NAM), foi até 2020 presidente do Conselho Consultivo do Museu do Aljube, com quem colabora desde o seu início. Em 1999, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Santiago da Espada, em 2018 com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade e em 2019 foi-lhe atribuída pelo Governo a Medalha de Mérito Cultural."