Título: O Discurso da Desordem
Autor: António Rebordão Navarro
Capa: Estúdios Paisagem
Foto do autor: Ursa Zangger
Editor: Livraria Paisagem
Edição: 1ª edição
Ano: 1972
Edição: 1ª edição
Ano: 1972
Encadernação: Brochura com badanas
Nº de páginas: 272
Dimensões: 19,5 cm x 12,5 cm
Estado de conservação: Bom exemplar
Preço: INDISPONÍVEL
Referência: 2007008
Referência: 2007008
Sinopse: "António Augusto Rebordão e Cunha Navarro
nasceu no Porto, em 1933. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi
funcionário de uma Caixa de Previdência, delegado do Ministério Público e
advogado. Foi director da Biblioteca Pública Municipal do Porto, integrou os
corpos gerentes da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto e da
Sociedade Portuguesa de Autores, e foi director literário de uma editora.
António Rebordão Navarro é um dos mais reconhecidos romancistas da literatura portuguesa
contemporânea.
Dirigiu a revista Bandarra (1953-64), fundada pelo seu pai,
o escritor Augusto Navarro, nas edições da qual editou as suas primeiras
colectâneas de poesia, As Três Meninas e Outros Poemas (1952) e Outro Caminho
do Mar (1953). Na mesma década, com Egito Gonçalves, Daniel Filipe, Papiniano
Carlos, Luís Veiga Leitão e Ernâni Melo Viana, co-dirigiu a revista Notícias do
Bloqueio (1957.1962), publicando nas edições desta última o volume de poesia O
Dia Dentro da Noite. Inserida frequentemente no corpus poético de uma segunda
geração neo-realista, incluída, por seu turno, de forma mais ampla, na Geração
de 50, a poesia de António Rebordão Navarro, quase toda coligida no volume A
Condição Reflexa (1990), inscreve-se numa intenção realista, especialmente
atenta ao quotidiano urbano, às tragédias de seres anónimos, movida por um
intuito de denúncia ou de chamada de atenção irónica que visa com frequência a
indiferença do homem face ao seu semelhante. Paralelamente António Rebordão
Navarro desenvolveu uma carreira original como ficcionista, numa abertura de
temas e processos que o conduziu para a captação narrativa e satírica de
atmosferas sociais, provincianas ou urbanas. Esse percurso foi assinalado, no
seu início, pelos volumes Romagem a Creta (1964) e Um Infinito Silêncio (1970),
onde ecoa existencialmente a estética do Novo Romance, a que se seguiria O
Discurso da Desordem (1972), romance pautado por uma fuga aos moldes narrativos
tradicionais, que se inscreve nos movimentos de reconfiguração estética e
literária que despontaram nas décadas de 60 e 70. É a partir dos anos 80,
nomeadamente com Mesopotâmia (1985, Prémio Internacional Miguel Torga), A Praça
de Liège (1988, Prémio Literário Círculo de Leitores) e Parábola do Passeio
Alegre que a ficção de António Rebordão Navarro firma alguns dos travejamentos
que a distinguem no contexto da narrativa portuguesa contemporânea.
Centrando-se desde então muito frequentemente na escrita de um sentimento do
Porto que continua ser o do sentimento de um ocidental que neutralmente assiste
à mudança dos tempos, ao devir dos habitantes da cidade, crismando palavras,
expressões, objectos, ofícios, usos, crenças, costumes desaparecidos, o
romancista fez renascer um Porto, sobretudo aquele que temporalmente se
inscreve entre a República e os meados do século XX, em que se movimentam os
antepassados próximos dos actuais descendentes da média burguesia e pequena
nobreza liberal. Naquela trilogia bem como em O Parque dos Lagartos (1982),
Portas do Cerco (1992), Amêndoas, Doces, Venenos (1998) ou Romance Com o Teu
Nome (2004), pela qualidade plástica de uma expressão torrencial na sua sintaxe
acumulativa; pela riqueza expressiva patenteada na capacidade de introduzir na
escrita uma variedade lexical assinalável; pela apreensão de certos tipos
sociais, seres moldados complexamente através da focalização interna; e,
sobretudo, pelo milagre de reconstituir “vidas em lugar de fósseis”, António
Rebordão Navarro detém sem dúvida o estatuto de um dos mais importantes romancistas
portugueses da actualidade. É também autor do volume de crónicas Estados Gerais
(1990), de textos críticos e ensaísticos e das peças O Ser Sepulto (1972) e
Sonho, Paixão e Morte do Infante D. Henrique (1995)."