"O poeta nasceu na freguesia de Póvoa de Atalaia, no Fundão,
no dia 19 de Janeiro de 1923. Mudou-se para Lisboa aos dez anos devido à
separação dos seus pais.
Frequentou o Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado
de Castro, tendo escrito os seus primeiros poemas em 1936. Em 1938 enviou
alguns desses poemas a António Botto que, gostando do que leu, o quis conhecer.
Botto incentivou-o nessa senda, e em 1940, publicou o seu primeiro livro
Narciso, sob o seu verdadeiro nome, que mais tarde viria a rejeitar.
Em 1943 mudou-se para Coimbra, onde regressa depois de
cumprido o serviço militar convivendo com Miguel Torga e Eduardo Lourenço.
Tornou-se funcionário público em 1947, exercendo durante 35 anos as funções de
Inspector Administrativo do Ministério da Saúde. Uma transferência de serviço
levá-lo-ia a instalar-se no Porto em 1950, numa casa que só deixou mais de
quatro décadas depois, quando se mudou para o edifício da extinta Fundação
Eugénio de Andrade, na Foz do Douro.
Durante os anos que se seguem até à data da sua morte, o
poeta fez diversas viagens, foi convidado para participar em vários eventos e
travou amizades com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeira,
como Joel Serrão, Miguel Torga, Afonso Duarte, Carlos Oliveira, Eduardo
Lourenço, Joaquim Namorado, Sophia de Mello Breyner Andresen, Agustina Bessa-Luís,
Teixeira de Pascoaes, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Mário Cesariny, José Luís
Cano, Ángel Crespo, Luis Cernuda, Jaime Montestrela, Marguerite Yourcenar,
Herberto Helder, Joaquim Manuel Magalhães, João Miguel Fernandes Jorge, Óscar
Lopes, e muitos outros.
Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional,
Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária
ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas com
«essa debilidade do coração que é a amizade».
Recebeu inúmeras distinções, entre as quais o Prémio da
Associação Internacional de Críticos Literários (1986), Prémio D. Dinis da
Fundação Casa de Mateus (1988), Grande Prémio de Poesia da Associação
Portuguesa de Escritores (1989) e Prémio Camões (2001). A 8 de Julho de 1982
foi feito Grande-Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de
Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico e a 4 de
Fevereiro de 1989 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito.
Faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto, após uma doença
neurológica prolongada. Encontra-se enterrado no Cemitério do Prado do Repouso,
no Porto. A sua campa é rasa em mármore branco, desenhada pelo arquitecto amigo
Siza Vieira, possuindo os versos do seu livro As Mãos e os Frutos."