Estado de conservação: Bom
Referência: 2304077
Quero perante esta decente assembleia, confessar a mea
culpa: introduzi, inoculei na intranquila residência do dito o mais contagiante
vírus desde a década de 50, o Rock e os seus bacilos, contrariando-lhe a sua
solidão no meio de 127 pessoas que, por norma, o rodeiam diariamente. Guerrilha
urbana de guitarras de baioneta calada, o comandante Verlaine à frente,
garboso, infantaria de Stoogges, Stranglers e os estrientes Rotten e Vanien, a
pesadíssima carga da brigada Vicious, Patti D'Arc atolando os seus inimigos nas
suas podridões mesntruais, Blondie aparecendo aos soldados, dando-lhes
«forças».
Mas a grande vitória foi a do Valente Flash que arrumou
definitivamente com os adeptos de Arbória e suas plantas neo-psicadélicas
conquistando a residência de Mr. Lima Barreto.
Atrás, as nossas hostes eram compostas pelas mais
repugnantes criaturas amorais, vendidas e vencedoras, cruéis e sofredoras, os
suicidas esquizo coldwavers, pós-punks com os músculos retesados, dentes
cerrados, snifados vindos da praia, alguns chuis e denunciantes camuflados,
órfãos ideológicos, desterrados que apenas de seu tinham o tempo, essa suprema
alienação, esse luxo.
Rock & Droga (R./Trip 2) é uma nova colectânea de
vivências, um snooker de milhares de buracos, onde as multicoloridas bolas caem
para niilisticamente regressarem aos respectivos úteros. Desvio & plagiato
de emoções, com as quais se brinca, trituradora de sentimentos. J.L.B. aparece
Iacchus resplandecente, puro servidor de alguma divina instância,
rejuvenescendo pelas mais mágicas-negras práticas: está aqui mesmo ao lado o
fantasma de Alister Crowley que me lemebra "STAB YOUR DEMONIAC SMILE TO MY
BRAIN / SOAK ME IN COGNAC LOVE AND COCAINE" Cada disco, todos os shows,
alguns momentos puramente eléctriocos referidos ao longo da aventura que ides
(disse o pároco) ler em Rock & Droga estão criteriosamente citados nos
manuscritos do Mar Morto, nas escamas dos brontossáurios, na explosão inicial
que deu origem à Vida (e às vidas - e às gentes da vida), o não-cósmico FLASH
primordial, o que Lovecraft chamou a primeira das 7 Portas: Este é o 2º
Rock/Trip, abram a consciência - ou percam-se - o mais certo é já não
conseguirem fechar qualquer das vossas portas. Desapertem os cintos, fumem, boa
viagem.
Prefácio de RUI REININHO
Do autor: Fernando Jorge da Ponte de Lima Barreto, mais conhecido como Jorge Lima Barreto (Vinhais, 26 de Dezembro de 1949 - Lisboa, 9 de Julho de 2011), foi um músico, escritor, conferencista, improvisador (piano, polinstrumentismo acústico e electrónico), musicólogo e professor assistente das cadeiras de Introdução às Ciências Humanas, Crítica da Cultura e Estética, na Faculdade de Letras do Porto e da Escola Superior de Belas Artes do Porto (1974 a 1978).
Fundador: dos Anar Band (1969), que teve a participação de Rui Reininho; da Associação de Música Conceptual com Carlos Zíngaro (1973); dos Telectu (1981) com Vitor Rua, estes com uma vasta discografia; e do duo Zul zelub, com Jonas Runa (2007). Colaborou entre outros com: Elliot Sharp, Chris Cutler, Sunny Murray, Jac Berrocal, Louis Sclavis, Daniel Kientzy, Giancarlo Schiaffini, Evan Parker, Gerry Hemingway, Paul Lytton, Eddie Prévost.
Licenciado em História em 1973 pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Doutorado em 1993 pela Universidade Nova de Lisboa, com a tese “Música & Mass Media”, e em 2010 com a tese "Estética da Comunicação Musical - a Improvisação".
Realizou também música para teatro, dança, pintura, poesia, vídeo-arte, performance, multimédia e cinema.
Faleceu apenas com 61 anos, vítima de pneumonia.
Publicações essas que se perdiam na dispersão caótica que
caracteriza toda a literatura de revistas e que podem assim ser unitariamente
recuperadas pelos amadores de jazz em Portugal.
Como tal cada ensaio, crónica ou história é independente e
sem qualquer relação.
Um acaso: uma crítica. Um achado: uma biografia. Uma
sedução: um disco. Uma aventura: um tópico literário. Uma galeria de retratos.
Textos, todos eles, marginais: cortados pela censura pidesca; ocultados pelos
divulgadores fascistas e/ou burgueses; perdidos na imensidão da escrita de
combate.
Reveladores, na totalidade, duma música de escravos; grandes
figuras do jazz são os seus heróis."
Biblioteca é uma autobiografia por interpostas leituras. Há
afinidades electivas, muitas, mas também encontros inesperados, no momento
justo. Algumas crónicas surgiram como homenagens ou obituários, nomeadamente a
Agustina ou a Herberto. Outras parodiam, através de colagens de textos, a
soberba dos sábios (em Camilo), a política como iluminismo e paranóia (nos
irmãos Strugatski) ou o espírito vingativo (em Baudelaire).
Do elogio das enciclopédias como «imagem do mundo» a uma
elegia sobre a precariedade dos livros, Biblioteca é, tal como Cinemateca
(2013), um catálogo de obsessões, cumplicidades, esperanças e desamparos.
— Miguel Esteves Cardoso
«Talvez não devesse ter regressado ao lugar onde fui feliz,
ou assim me lembro dele, com as ruas baixinhas, quase de brinquedo, as
multidões sempre pequenas, os vestígios da praia ainda no corpo ao fim do dia,
entre um gelado e a caixa dos bonecos. Quando regressei, de passagem, a cidade
estava irreconhecível, mais ampla e moderna, já não era minha, a Figueira da
Foz já só existe na minha lembrança ou imaginação, se é que há diferença entre
uma e outra. Reconhecia os sítios mas não reconhecia o espírito dos sítios,
indestrinçável de quem eu fui, da infância como eu me lembro dela, plácida e
segura e cheia de possibilidades. No meio dessa estranheza, entro na rua do
Casino e vejo aquela ancestral montra dos bonecos, aquela caixa de madeira e
metal, ainda na mesma entrada do mesmo salão de jogos, mas agora ela mesma uma
diversão arcaica, museológica, tão distante como a infância ou os anos setenta.
Ninguém lhe ligava nenhuma. Ninguém usava uma moeda que tivesse sobrado,
suponho que euros agora em vez de escudos. Os bonecos estavam parados, não
tocavam, nem dançavam, nem faziam a sua coreografia automática mas mágica. Meti
a mão ao bolso e peguei numa moeda. Quis pôr a infância em acção, musical e
cromada, ali à vista de todos e à minha, o circo ambulante e estático da minha
infância por interpostos bonecos. Hesitei. Desisti. Virei costas e pensei: Nada
de melancolia.»
— Pedro Mexia
Sinopse:
"Quando O Principezinho chegou às prateleiras, a 6 de abril
de 1943, a proposta pode ter parecido inócua. Assim o prometia a capa em tons
de branco, turquesa e amarelo, vincada por uma criança e os astros ao seu
redor, por baixo do título em letra cursiva.
Tratava-se de um livro infantil, sim, mas a história guardava uma maturidade diferente para o seu narrador: a capacidade de reflexão e de empatia que, por vezes, esperamos somente da idade adulta. Mas só um pequeno ser seria lúcido ao ponto de ver que aquele desenho não era um chapéu, mas sim um elefante devorado por uma jibóia…
Aguarelas e prosa eram ambas de Antoine de Saint-Exupéry,
autor e aviador que lutou pela Resistência Francesa na Segunda Guerra Mundial.
Alguns anos antes desse conflito, despenhou-se no deserto do Sara, entregue à
desidratação, às miragens e às alucinações — esses dias, dos quais saiu como
improvável sobrevivente, inspiraram o enredo d’O Principezinho, em que o
narrador se perde no mesmo deserto, e encontra um profundo oásis nas palavras
do protagonista. Palavras que são lições sobre amizade e amor, futilidade e
solidão, egoísmo e perda.
Há oitenta anos que crianças e adultos sustêm este sucesso à escala global. É hoje um dos livros mais vendidos do mundo, somando mais de 45 milhões de exemplares — traduzidos em mais de 500 línguas e dialetos, tendo-se tornado a obra mais traduzida à exceção da Bíblia.
“Só se vê bem com o coração”, escrevia Saint-Exupéry, “o essencial é invisível para os olhos” — mas é bem audível para os ouvidos."
Preço: 28,00 €
Referência: 2304061
“Nos últimos anos do colonialismo português, Luanda era uma
cidade irresistível. A necessidade de responder ao esforço da Guerra Colonial e
as influências anglo-saxónicas que chegavam da África do Sul inundaram a
capital da Província de uma modernidade que estava sempre ao virar da esquina.
Prepare-se para uma viagem ao passado que o fará recordar cada recanto, costume
e paladar de uma Luanda que já só existe nas memórias felizes de quem lá viveu.”
«Luanda não estava a morrer da forma que as nossas cidades
polacas morreram na última guerra. Não havia ataques aéreos, não havia
‘pacificação’, não havia destruição de bairro após bairro. Não havia cemitérios
nas ruas e nas praças. Não me lembro de um único incêndio. A cidade estava a
morrer como morre um oásis quando o poço seca: esvaziou‑se,
prostrou‑se inanimada, caiu no esquecimento. Mas a agonia viria
mais tarde; naquela altura, havia uma actividade febril por todo o lado. Toda a
gente estava cheia de pressa, toda a gente se ia embora. Toda a gente tentava
apanhar o avião seguinte para a Europa, para a América, para qualquer lado.»
— Ryszard Kapuscinski
«Mais Um Dia de Vida, publicado originalmente na Polónia em
1976, é o relato de viagem por uma cidade que apenas existiu três meses: a
Luanda entre o êxodo português e a proclamação da independência pelo MPLA. É,
por isso, um documento único. Talvez seja também bom jornalismo. É, sem dúvida,
grande literatura.»
— Pedro Rosa Mendes
— Pedro Mexia
Entre 1979 e
1981, Werner Herzog passou longas temporadas na Amazónia, devido ao grandioso
projecto cinematográfico de Fitzcarraldo: contar a vida do barão da borracha
Carlos Fermín Fitzcarrald, que ousara transportar um navio através de um istmo
na Amazónia.
A viagem
descrita neste livro assume diferentes formas: desde a deslocação física por
geografias distantes — Estados Unidos, Peru, Brasil, Alemanha — recorrendo a
transportes diversos, do navio de Fitzcarraldo a aviões apinhados, por entre
aterragens loucas, paisagens sublimes e vistas do topo do mundo, da mota por
estradas esburacadas à jangada por rápidos furiosos, até à imagem de um avião a
despenhar‑se contra os arranha‑céus
nova‑iorquinos.
Entre o onírico, o inútil
e o impossível, vemos Herzog e a humanidade
sucumbirem à natureza agressiva da selva.”
Os editores não gostaram. Não havia trama nem crime. Era como mostrar o álbum de férias a estranhos. O que é que os leitores dela tinham a ver com aquilo?
Quase tão lida quanto a Bíblia, Mrs Mallowan não puxou dos galões. Disse que o livro era ‘uma frivolidade’, como se falasse de um par de sapatos.
Foi um sucesso, claro, e mais de sessenta anos depois continua em edição de bolso e politicamente incorrecto – vários turcos e pelo menos um árabe ‘sub‑humano’ saem daqui para a glória. Mas de ninguém a autora ri como de si própria, ansiosa, voluntariosa e volumosa.»
— Alexandra Lucas Coelho
«Esta crónica inconsequente foi iniciada antes da guerra. Depois foi posta de lado. Mas agora, após quatro anos de guerra, dei por mim a pensar cada vez mais naqueles dias passados na Síria, e por fim senti‑me impelida a tirar os meus apontamentos e os meus toscos diários para fora e a completar aquilo que começara e pusera de lado. Pois parece‑me que é bom recordar que esses dias e esses lugares existiram, e que neste preciso instante a minha pequena colina de calêndulas está em flor, e que os velhos de barbas brancas que se arrastam atrás dos burros talvez nem saibam que existe uma guerra.»
— Agatha Christie
Sinopse: Obra com a história, a filosofia e ciência associada ao jogo de xadrez.
Nota: Também pode ser visualizado outro exemplar do livro encadernado a percalina, Refª 2010038 . Preço: 45,00 €
Preço: 20,00 €
Referência: 2304050
Sinopse: