«Luanda não estava a morrer da forma que as nossas cidades
polacas morreram na última guerra. Não havia ataques aéreos, não havia
‘pacificação’, não havia destruição de bairro após bairro. Não havia cemitérios
nas ruas e nas praças. Não me lembro de um único incêndio. A cidade estava a
morrer como morre um oásis quando o poço seca: esvaziou‑se,
prostrou‑se inanimada, caiu no esquecimento. Mas a agonia viria
mais tarde; naquela altura, havia uma actividade febril por todo o lado. Toda a
gente estava cheia de pressa, toda a gente se ia embora. Toda a gente tentava
apanhar o avião seguinte para a Europa, para a América, para qualquer lado.»
— Ryszard Kapuscinski
«Mais Um Dia de Vida, publicado originalmente na Polónia em
1976, é o relato de viagem por uma cidade que apenas existiu três meses: a
Luanda entre o êxodo português e a proclamação da independência pelo MPLA. É,
por isso, um documento único. Talvez seja também bom jornalismo. É, sem dúvida,
grande literatura.»
— Pedro Rosa Mendes