Sinopse: Lamentavelmente
esta magnífica bibliografia ficou-se apenas pelo terceiro volume.
Estava
previsto serem publicados mais oito volumes.
"João (Dias) Afonso nasceu na cidade de Angra do Heroísmo,
freguesia da Sé, a 27 de agosto de 1923, filho de Joaquim Luís Afonso,
comerciante e da professora do ensino primário, D. Maria da Glória Zulmira Dias
Afonso. Cumpriu serviço militar obrigatório como oficial miliciano de
Infantaria, sendo desmobilizado tenente no B.I.I. nº 17. Em agosto de 1997 fica
viúvo de D. Rahyra Leonissa da Silva Santos Afonso que foi estimada professora
da Escola do Magistério Primário de Angra do Heroísmo e foram pais da
licenciada D. Maria João Santos Afonso Galvão Teles, casada com Carlos Henrique
Archer Galvão Teles, funcionário superior aposentado da antiga Petrogal.
Após a conclusão do curso complementar no Liceu Nacional de
Angra, segue logo para Coimbra, em cuja Universidade se matricula aos 18 anos
na Faculdade de Direito, interrompendo esses estudos por motivo de doença que o
fez regressar à Terceira. Após a convalescença concorreu ao lugar de
bibliotecário municipal, chegando a diretor, até à integração dessa biblioteca
municipal na Biblioteca Pública e Arquivo de Angra do Heroísmo. Aqui
aposentou-se com a categoria de técnico superior principal, assumindo, por
diversas vezes, a direção interina deste estabelecimento, como aconteceu no
impedimento do Dr. Manuel Coelho Baptista de Lima, enquanto este foi presidente
da Câmara Municipal de Angra.
Na Biblioteca e Arquivo a que esteve ligado por mais de
quatro décadas, bem como noutros arquivos nacionais e estrangeiros, realizou
aturadas pesquisas no âmbito da história dos Açores (Açores em novos papéis
velhos, ed. do Instituto Histórico da Ilha terceira, 1980) e da etnografia
histórica açoriana (O traje nos Açores, id. 1978, 2ª ed. 1987) e procedido a um
exaustivo inventário da bibliografia açoriana (Bibliografia Geral dos Açores,
ed. Secretaria Regional da Educação e Cultura, de que saíram 3 volumes:
1985-1997) lamentando-se que os 8 volumes restantes ainda não tenham merecido
publicação. Aliás o mesmo, imperdoavelmente, aconteceu com a obra do Dr. Franz
Paul de Almeida Langhans, Ofícios antigos subsistentes nas ilhas dos Açores, de
que saíram só o primeiro volume (Flores e Corvo, 1985) e o segundo volume
(Graciosa, 1988), sendo urgente reparar situações destas em que os autores
deixaram obra de monta (gratuitamente), interrompidas abruptamente.
Fez também criteriosas investigações sobre baleação e
museologia que o levaram a estagiar em instituições especializadas, na Europa:
Mónaco, Sandefjord, Rennes, Concarneau, Londres, Paris e Colónia e na América
do Norte: Terra Nova, Washington, Nova Inglaterra, Califórnia e Hawai.
Participou em dezenas de congressos no país e estrangeiro e proferiu
conferências em Universidades norte-americanas como Harvard, Brown, Arlington,
Honolulu, etc.
O Governo Regional dos Açores encarregou-o da
conceção/instalação do Museu dos Baleeiros do Pico, reconhecendo a sua elevada
competência.
Sem dúvida que os maiores estudiosos da baleação açoriana
foram José Mouzinho de Figueiredo com Introdução ao estudo da indústria
baleeira insular, ed. Museu dos Baleeiros, Pico, 2ª ed. 1996, e João Afonso a
culminar com o seu álbum Mar de baleias e de baleeiros, ed. Direção Regional da
Cultura, Angra do Heroísmo, 1998.
A longa carreira de João Afonso como jornalista, está ligada
principalmente aos jornais de Angra do Heroísmo Diário Insular (cofundador) e A
União, no primeiro dos quais coordenou uma notável página de Artes e Letras,
durante 30 anos, de 1946 a 1978, apenas com uma interrupção entre 1958 e 1961,
durante a qual foi chefe de redação da antiga Agência Nacional de Informação,
Lisboa. Durante anos foi correspondente do Diário de Notícias (Lisboa) e de
outros títulos, assim como da A. N. O. P. e colaborou em O.C.S. da diáspora.
Foi o primeiro delegado da RTP nos Açores, nomeado por Ramiro Valadão em 1969.
Segundo Eduíno de Jesus, João Afonso surge como poeta «no
âmbito do modernismo insular de meados do século passado com uma poesia em que
se reconhece um pouco o torneio da frase nemesiana, mas cuja genuinidade o
próprio Nemésio foi o primeiro a acentuar, sublinhando a vaga fluidez da sua
expressão, a qual lhe permite conseguir às vezes admiráveis efeitos de
simplicidade e pureza. Em alguns poemas publicados na imprensa periódica usou o
pseudónimo de Álvaro Orey». Também traduziu poesia (inglês, francês e
espanhol).
Publicou três opúsculos de poesia intitulados Enotesco,
Angra do Heroísmo, s. d. [1955], Pássaro Pedinte e Ruas Dispersas (com prefácio
de Vitorino Nemésio), Lisboa, 1960, que arrecadou o prémio Nacional de Poesia
do S. N. I. e Cantigas do Terramoto para Ler e Passar, Angra do Heroísmo, 1980,
bem como numerosos ensaios e estudos sobre temas de história, literatura e
etnografia dos Açores, de que destacamos - além dos citados e de muitos outros
dispersos ou publicados em opúsculo - Garrett e a Ilha Terceira, ed. da Câmara
Municipal de Angra do Heroísmo, 1954; Antero de Quental e o Pensamento da
Revolução Nacional, Lisboa, 1967; Açores de Outrora na Ilha Terceira Daqueles
Tempos, ed. Inst. Açoriano de Cultura, 1978; Memoração Ribeiriana (sobre Luís
da Silva Ribeiro), ed. Inst. Histórico da Ilha Terceira, 1982; Notabilidade de
Dacosta, Angra do Heroísmo, 1983; O Galeão de Malaca no Porto de Angra em 1659:
Um Processo Judicial - Linschoten, ed. Inst. Histórico da Ilha Terceira, 1984;
Baleias e Baleeiros - Açorianos nos Sete Mares e Ancorados nas Suas Ilhas,
Angra do Heroísmo, 1988. Organizou, anotou e prefaciou: Luís Ribeiro, Subsídios
para Um Ensaio sobre a Açorianidade, Angra do Heroísmo, colecção «Ínsula»,
1964; id., Obras, 3 vols., ed. Inst. Histórico da Ilha Terceira / Secretaria
Regional da Educação e Cultura, 1982-1983.
Promoveu o Movimento das Cidades Irmãs de Angra do Heroísmo
e de Tulare, Califórnia.
É sócio fundador da Real Associação da Ilha Terceira e sócio
efetivo das seguintes instituições: Academia Portuguesa da História, Sociedade
de Geografia de Lisboa, Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina
(Brasil), Instituto Histórico a Ilha Terceira, Instituto Açoriano de Cultura,
Sociedade de Estudos Açorianos Afonso Chaves e Núcleo Cultural da Horta.
Colaborador de várias enciclopédias e revistas culturais portuguesas.
É comendador da Ordem do Infante D. Henrique (1989). Foi-lhe
conferida a Medalha de Honra do Município Angrense (2003). Possui dois
ex-líbris, um deles executado por Ruy Palhé, xilogravura. Mereceu ser fixado
por artistas pintores e caricaturistas renomados como Martinho da Fonseca,
Victor Câmara e Mateo Alzina Oliver, entre outros.
João Afonso foi um dos mais empenhados defensores de causas
promotoras do desenvolvimento da ilha Terceira. Basta lembrar os seus escritos
que pediam a escala imediata dos aviões da TAP, ainda nos anos sessenta."