Crítico literário e professor catedrático, Óscar Lopes
nasceu em Leça da Palmeira em 1917. Licenciou-se em Filologia Clássica pela Faculdade
de Letras de Lisboa e frequentou o curso de Ciências Histórico-Filosóficas em
Coimbra e o Conservatório de Música do Porto. Entre 1951 e 1957 dinamizou a
página literária do Comércio do Porto. Desempenhou funções docentes como
professor do ensino secundário, até integrar, entre 1974 e 1987, os quadros da
Faculdade de Letras do Porto, onde foi professor catedrático e onde fundou o
Centro de Linguística, desenvolvendo uma actividade ensaística que sempre soube
conciliar com o seu interesse pela música e pela linguística. Foi presidente da
Associação Portuguesa de Escritores e sócio de mérito da Associação de
Jornalistas e Homens de Letras do Porto e integrou os júris de vários prémios
literários. Mercê do seu envolvimento na oposição ao regime salazarista, foi,
durante a ditadura, duas vezes detido, afastado temporariamente do serviço
lectivo oficial e viu obras suas apreendidas, sendo ainda múltiplas vezes
impedido de participar em congressos ou outros eventos para que fora convidado
no estrangeiro. Pertencendo à geração que, nos anos 40, nas páginas de Seara
Nova ou Vértice defende uma arte comprometida e teorizada a partir das
coordenadas ideológicas do marxismo dialéctico, o nome de Óscar Lopes, ao lado
de outros, como Mário Dionísio, Mário Sacramento, Álvaro Cunhal ou Joaquim
Namorado, é indissociável do processo que, integrando, além da criação, a
teorização e a crítica literárias, conduzirá à afirmação e progressiva revisão
crítica dos pressupostos do neo-realismo. A formação multifacetada de Óscar
Lopes, especializada simultaneamente nos domínios da linguística, da
musicologia, da história, da filosofia e da literatura, permitirá colmatar, no
entanto, a perspectiva marxista dialéctica, no que impõe de compreensão do
horizonte de realidade em que se inscreve o texto literário e enriquecer essa
visão de conjunto por uma análise pormenorizada dos seus caracteres
estilísticos. Caminhando pendularmente entre "a microanálise e as grandes
sínteses" (cf. AA.VV. - Sentido Que a Vida Faz. Estudos Para Óscar Lopes,
Porto, Campo das Letras, 1997, p. 16), o ensaísmo de Óscar Lopes, seja em
volumes de grande fôlego e carácter referencial no domínio da historiografia
literária, como a História da Literatura Portuguesa ou Entre Fialho e Nemésio ,
seja em estudos sobre a literatura contemporânea coligidos em Álbum de Família
ou Cifras do Tempo, "se por um lado relevam de uma visão atenta às
particularidades de um autor ou de uma obra, por outro lado partilham de
idêntica amplitude reflexiva, permanecendo um lugar de interrogação
epistemológica." (id. ibi, p. 16.) Um sentido de abertura criativa a novos
métodos e modelos, que, no âmbito da investigação linguística, culminaria num
trabalho inovador, a Gramática Simbólica do Português , obra pioneira, que
constitui um marco dos estudos linguísticos em Portugal. Tendo recebido
múltiplas homenagens públicas, foi, em 23 de Abril de 1987, aprovado pela
Assembleia da República um Voto de Louvor como reconhecimento de que o seu nome
"é uma referência obrigatória da cultura portuguesa contemporânea".
O autor recebeu, em 2000, o prémio Vida Literária, atribuído
pela Associação Portuguesa de Escritores.