Nº de páginas: 2024-XXIV págs.
Estado de conservação: Bom
Referência: 2304095
Índice:
01. Cantador
Real
02 . Cantar
até Morrer
03. Ídolo
Que Desponta
04. Um Fio
de Lírismo
05. Egas
Moniz, Malhoa e António Barroso como Ouvintes
06. Uma
Feira de Cantigas
07.
Competidores de Sardinha e de Barbuda
08. Se
Quadrava, uma Sextilha…
09.
Respostas e Contra-respostas
10. Como os
Passarinhos, Como os Rouxinóis
11.
Cantadores e Cantadeiras
12.
Tocadores de Viola, Harmónio e Violão
13.
Anotações e Variantes
14.
Bibliografia
Como disse em tempos Fernando J.B. Martinho, «[…] O livro é
todo ele, com as suas cenas, os seus exercícios, os seus camarins, uma
homenagem ao teatro, e a permanente lembrança de que a poesia é um arte de
passes e passos mágicos, uma arte da prestidigitação, não importa se carecida
ou não de manual. Só espanta que tenha levado tanto tempo que alguém se
lembrasse de fazer a ligação, a correspondência. Outra coisa não pedia uma
poesia que, de há muito, se nos oferecia como ritual, como espectáculo, como
convite à iniciação na ars magna. Então não foi Cesariny que, um dia, celebrou
Artaud e que, por via dele, nos prometeu o «acordar» para uma outra realidade,
para lá do real que temos, susceptível ou não de reabilitação? E não ele também
que saiu a dar-nos e aos actores as boas-vindas no castelo brumoso de um outro
príncipe, expondo-nos, sem piedade, ao "metal fundente" que corre
"entre nós e as palavras"?»
Doutorado em Sociologia, foi assistente na Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa durante quinze anos,
é investigador associado no Instituto Português de Relações Internacionais
(Universidade Nova de Lisboa) e está, atualmente, a concluir um pós
doutoramento em História com a tese Descolonização e Democratização em
Portugal: O Caso dos Retornados.
Foi crítico literário n'O Independente e na revista Os Meus
Livros e tem colaborado em diferentes jornais e revistas, como Observador,
Visão ou Sábado. Nesta última, assinou, durante mais de quatro anos, uma
crónica semanal subordinada ao título genérico Coração, Cabeça e Estômago.
Além de tradutor, é autor de obras como O Meio Literário
Português Prémios Literários, Escritores e Acontecimentos (1960-1999) (Difel),
Não é Fácil Dizer Bem, Críticas, Obsessões e Outras Ficções (Edições Tinta da
China), Puta Que os Pariu! A Biografia de Luiz Pacheco (Edições Tinta da
China), O Que é Um Escritor Maldito? Estudo de Sociologia da Literatura (Verbo),
Mota Pinto Biografia (Contraponto), Chatear o Camões. Inquérito à Vida Cultural
(Maldoror) ou O Super Camões. Biografia de Fernando Pessoa (Publicações Dom
Quixote).
Grande prosador, Luiz Pacheco foi também um dos melhores
conversadores da imprensa. Estas entrevistas, publicadas nos últimos 20 anos em
jornais e revistas, apresentam-nos uma das vidas mais agitadas da literatura
portuguesa e são bem a expressão de uma inteligência desperta, desafiadora e implacável,
batendo forte e feio em algumas personalidades da nossa vida pública.
Caso humano riquíssimo, impossível de resumir aqui, o mais sensato é dar-lhe a palavra: «Luiz José Machado Gomes Guerreiro Pacheco nasceu em 7 de Maio de 1925 e espera morrer no ano 2000. Está bem-disposto, porque está desempregado. Publicou muitos livros de outros autores. Não se lembra de publicar nada (dele) que prestasse. Escreveu muitas obras e perdeu quase todas. Teve três mulheres, nove [sic] filhos e netos, nem conta. Folhetos de sua autoria: «Os Doutores, a Salvação e o Menino», «Carta-Sincera a José Gomes Ferreira», «O Teodolito», «Os Namorados», «O Cachecol do Artista». Teve 18 valores na admissão. O Urbano teve 12.»
(Texto incluído na «Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e
Satírica», organizada por Natália Correia em 1965.)
«Está para sair um livro com entrevistas suas…
Esse livro é uma merda! Isso é uma aldrabice. É bom para
andar por essas pequenas editoras.»
— Luiz Pacheco, Sol, 2008
Neste livro estão reunidas entrevistas publicadas entre 1992
e 2008. A selecção é da responsabilidade de Luiz Pacheco e de João Pedro
George.
Entrevistadores: Baptista‑Bastos; Carlos Quevedo;
Cláudia Galhós; João Paulo Cotrim; João
Pedro George; Mário Santos; Paula Moura Pinheiro; Pedro Castro; Pedro Dias de
Almeida; Ricardo de Araújo Pereira; Ricardo Nabais; Rodrigues da Silva; Rui
Zink; Vladimiro Nunes.
Grande prosador, Luiz Pacheco foi também um dos melhores
conversadores da imprensa. Estas entrevistas, publicadas nos últimos 20 anos em
jornais e revistas, apresentam‑nos uma das vidas mais agitadas da
literatura portuguesa e são bem a expressão de uma inteligência
desperta, desafiadora e implacável,
batendo forte e feio em algumas personalidades da nossa vida pública.
Caso humano riquíssimo, impossível de resumir aqui, o mais
sensato é dar‑lhe a palavra: «Luiz José Machado Gomes Guerreiro Pacheco nasceu em 7 de Maio de 1925 e
espera morrer no ano 2000. Está bem‑disposto,
porque está desempregado. Publicou muitos
livros de outros autores. Não se lembra de publicar nada (dele) que prestasse.
Escreveu muitas obras e perdeu quase todas. Teve três mulheres, nove filhos e
netos, nem conta. Folhetos de sua autoria: Os Doutores, a Salvação e o Menino,
Carta‑Sincera
a José Gomes Ferreira, O Teodolito, Os
Namorados, O Cachecol do Artista. Teve 18 valores na admissão. O Urbano teve
12.»
(incluído na Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, organizada por Natália Correia em 1965).
O conjunto aqui editado resultou da pesquisa feita no âmbito
da biografia do poeta (Maria Antónia Oliveira, «Alexandre O’Neill, Uma
Biografia Literária», Dom Quixote, no prelo). Pôde constatar-se que, embora o
poeta viesse publicando regularmente desde os finais da década anterior, os
anos 70 eram aqueles em que a sua produção se tornava mais assídua, e em que
mais textos haveriam de ficar confinados às páginas dos periódicos.
Reúnem-se também poemas escritos para os jornais «Diário de
Lisboa» e «A Luta», e para as revistas «Flama» e «Ele». Foram encontrados no
espólio do poeta os poemas «Magritte» e «Azul Ar», bem como os poemas sem
título designados por «Fragmentos», inéditos. Acrescentam-se ainda dois poemas
datados de 1972 que E.M. e Castro e José Alberto Marques incluíram na «Antologia
da Poesia Concreta em Portugal» (Lisboa, Assírio & Alvim, 1973).
Em anexo, publicam-se dois textos com poemas, e uma versão em prosa da primeira parte de «Rã & Descobridor».
O poeta, artista plástico Joaquim Pessoa, autor de poemas como Lisboa, menina e moça e Amélia dos olhos doces, morreu esta segunda-feira, aos 75 anos.
Criticas: "É
conhecido e gosta de ser como libertino. Mas ele é mais libertário que
libertino. Literato, escritor, editor, panfletário, personagem, Luiz Pacheco é
genial, cruel, maldito e maldizente, crítico feroz, dono de um sarcasmo raro,
pai de oito filhos, frutos de variados amores."
Diário de
Notícias, DNA, 13/08/05
"É um
diário sem paralelo na literatura portuguesa. [...] com 80 amos feitos [Luiz
Pacheco continua] um homem vertical, que, a despeito da velhice e da decadência
física, não é habitado pela menor amargura, antes mantém inalterável o seu
proverbial humor mordaz e a sua constante auto-ironia."
Rodrigues da
Silva, JL
"O
Diário Remendado é um romance: o romance de uma vida vivida à beira da privação
e da perdição. O seu protagonista é um tal Luiz Pacheco, um corpo pensante
[...] É a narrativa fragmentária de cinco anos de sobrevivência de um corpo na
sua máxima exposição, desde a reconstrução ficcionada dos sonhos até à
encenação das suas múltiplas doenças, reais ou imaginadas, das estratégias mil
vezes refeitas da publicação literária à evocação sem limites nem elipses das
suas experiências sexuais [...]
António Mega
Ferreira, Visão
«queria de ti um país de bondade e de bruma
queria de ti o mar de uma rosa de espuma»
"Das cartas que Luiz Pacheco escreveu, durante 35 anos, ao
amigo e mecenas Laureano Barros — a partir do hospital, da prisão, de quartos
imundos, de casas de amigos ou quando ainda vivia, nas Caldas da Rainha, com
parte da sua «Tribo» — emerge o impetuoso crítico de rompe‑e‑rasga,
o escriba que combateu a PIDE, a censura e os ídolos
das letras, o ser humano em luta para se realizar na sua paixão pela literatura, o solitário
enraivecido pela dispersão dos bambinos, o homem que viveu
de muitos cravanços, o doente crónico com pavor da
morte… Em suma, o escritor que o país nos ofereceu no momento próprio."
«Escrevi as minhas cartas, com um prazer sem igual, na
maior, à‑vontade. Escrevi muito. Por necessidades da pedincha,
aguentar a sobrevivência, conversar com Amigos
distantes. Ou, se acantonado em locais de asilo forçado, invocar auxílios e
apoios no Lá Fora. Escrevi cartas e postais que me desunhei, centenas e
centenas. Há quem tenha espólios meus, já esteja a fazer negócio com isso. Ou a
preparar‑se. Acho ótimo. Dou-me os
parabéns.»
— Luiz Pacheco
“Luiz Pacheco, o «escritor maldito» revelado na sua
compulsão epistolar.
A correspondência com Laureano Barros durou de 1966 a 2001 e
deixa pistas únicas sobre as experiências, angústias e combates de uma das
vidas mais agitadas da literatura portuguesa. Das cartas de Luiz Pacheco
reunidas em "O Grilo na Varanda" — escritas a partir do hospital, da
prisão, de quartos imundos, de casas de amigos e até, durante um certo tempo,
de casa própria onde ainda vivia com parte da sua «Tribo» (a vasta família) —
emerge o impetuoso crítico de rompe-e-rasga, o artista inconformado, o escritor
em luta com a alta de condições para escrever uma obra mais consistente, o
solitário triste com a dispersão dos filhos, e o homem «enrascado» e doente
crónico a tentar encontrar suporte nos amigos e na pequena mitologia que se criou
à sua volta.
A primeira carta terá sido enviada por Laureano Barros em 1965. A ela seguiram-se 35 anos de relação epistolar, apresentada aqui, com edição de João Pedro George, em 62 cartas e 52 postais escritos por Luiz Pacheco ao amigo e mecenas de Ponte da Barca, leitor dedicado, matemático brilhante, colecionador bibliográfico e um dos responsáveis por se terem conservado muitos dos seus papéis. A correspondência com Laureano Barros durou de 1966 a 2001 e deixa pistas únicas sobre as experiências, angústias e combates de uma das vidas mais agitadas da literatura portuguesa.”
Quero perante esta decente assembleia, confessar a mea
culpa: introduzi, inoculei na intranquila residência do dito o mais contagiante
vírus desde a década de 50, o Rock e os seus bacilos, contrariando-lhe a sua
solidão no meio de 127 pessoas que, por norma, o rodeiam diariamente. Guerrilha
urbana de guitarras de baioneta calada, o comandante Verlaine à frente,
garboso, infantaria de Stoogges, Stranglers e os estrientes Rotten e Vanien, a
pesadíssima carga da brigada Vicious, Patti D'Arc atolando os seus inimigos nas
suas podridões mesntruais, Blondie aparecendo aos soldados, dando-lhes
«forças».
Mas a grande vitória foi a do Valente Flash que arrumou
definitivamente com os adeptos de Arbória e suas plantas neo-psicadélicas
conquistando a residência de Mr. Lima Barreto.
Atrás, as nossas hostes eram compostas pelas mais
repugnantes criaturas amorais, vendidas e vencedoras, cruéis e sofredoras, os
suicidas esquizo coldwavers, pós-punks com os músculos retesados, dentes
cerrados, snifados vindos da praia, alguns chuis e denunciantes camuflados,
órfãos ideológicos, desterrados que apenas de seu tinham o tempo, essa suprema
alienação, esse luxo.
Rock & Droga (R./Trip 2) é uma nova colectânea de
vivências, um snooker de milhares de buracos, onde as multicoloridas bolas caem
para niilisticamente regressarem aos respectivos úteros. Desvio & plagiato
de emoções, com as quais se brinca, trituradora de sentimentos. J.L.B. aparece
Iacchus resplandecente, puro servidor de alguma divina instância,
rejuvenescendo pelas mais mágicas-negras práticas: está aqui mesmo ao lado o
fantasma de Alister Crowley que me lemebra "STAB YOUR DEMONIAC SMILE TO MY
BRAIN / SOAK ME IN COGNAC LOVE AND COCAINE" Cada disco, todos os shows,
alguns momentos puramente eléctriocos referidos ao longo da aventura que ides
(disse o pároco) ler em Rock & Droga estão criteriosamente citados nos
manuscritos do Mar Morto, nas escamas dos brontossáurios, na explosão inicial
que deu origem à Vida (e às vidas - e às gentes da vida), o não-cósmico FLASH
primordial, o que Lovecraft chamou a primeira das 7 Portas: Este é o 2º
Rock/Trip, abram a consciência - ou percam-se - o mais certo é já não
conseguirem fechar qualquer das vossas portas. Desapertem os cintos, fumem, boa
viagem.
Prefácio de RUI REININHO
Do autor: Fernando Jorge da Ponte de Lima Barreto, mais conhecido como Jorge Lima Barreto (Vinhais, 26 de Dezembro de 1949 - Lisboa, 9 de Julho de 2011), foi um músico, escritor, conferencista, improvisador (piano, polinstrumentismo acústico e electrónico), musicólogo e professor assistente das cadeiras de Introdução às Ciências Humanas, Crítica da Cultura e Estética, na Faculdade de Letras do Porto e da Escola Superior de Belas Artes do Porto (1974 a 1978).
Fundador: dos Anar Band (1969), que teve a participação de Rui Reininho; da Associação de Música Conceptual com Carlos Zíngaro (1973); dos Telectu (1981) com Vitor Rua, estes com uma vasta discografia; e do duo Zul zelub, com Jonas Runa (2007). Colaborou entre outros com: Elliot Sharp, Chris Cutler, Sunny Murray, Jac Berrocal, Louis Sclavis, Daniel Kientzy, Giancarlo Schiaffini, Evan Parker, Gerry Hemingway, Paul Lytton, Eddie Prévost.
Licenciado em História em 1973 pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Doutorado em 1993 pela Universidade Nova de Lisboa, com a tese “Música & Mass Media”, e em 2010 com a tese "Estética da Comunicação Musical - a Improvisação".
Realizou também música para teatro, dança, pintura, poesia, vídeo-arte, performance, multimédia e cinema.
Faleceu apenas com 61 anos, vítima de pneumonia.