Título: Literatura de Cordel
Autor: José Viale Moutinho
Editor: Círculo de Leitores
Ano: 2014
Dimensões: 30 cm x 24 cm
Nº de páginas: 517
Encadernação: Encadernação editorial com capa dura
Idioma: Português
Referência: 2402003
Título: Literatura de Cordel
Clarisse Pacheco
Preço: 17,50 €
Referência: 2402002
No período de 12 de março de 2024 a 10 de junho de 2025, o CANTO III, associa-se à celebração do nascimento de Luís Vaz de Camões e entre outras iniciativas, publicará diariamente no blogue e facebook do CANTO III, poemas, textos, artigos diversos, e efetuará tertúlias relativas ao nosso Poeta Universal, sem esquecer nenhum Canto. dos Lusíadas, hino da literatura, nem de nenhuma obra, Lírica, Teatro...
"O ambiente político no dealbar do século XIX era
efervescente em Portugal. A contestação à Monarquia aumentava de dia para dia.
Por isso, a revolta de 31 de janeiro de 1891, levantamento militar que teve
lugar no Porto, é considerada como a primeira tentativa de derrube do regime
vigente e de implantação da República em Portugal.
A cedência do governo ao Ultimatum Britânico do ano
anterior, a proclamação da República no Brasil, que tinha ocorrido dois anos
antes, suscitou grande indignação. Nos círculos republicanos, estes
acontecimentos eram vistos como uma prova da decadência e fraqueza do regime
monárquico.
No Porto, em especial, os círculos republicanos dispunham de
fortes apoios. Afinal, era aqui que havia uma tradição revolucionária e que se
prolongaria ao longo de todo o século XIX. Por isso, não foram totalmente
estranhos os acontecimentos ocorridos a 31 de janeiro de 1891 (amanhã, fará 131
anos).
Conspirava-se por toda a cidade, como descreveram João
Chagas e Manuel Maria Coelho: “[…] discutia-se em toda a parte, mormente nos
cafés; e nos lugares, os mais públicos, se exibiam opiniões revolucionárias. Os
militares confundiam-se com os civis; conspirava-se ao ar livre. […] Citavam-se
nomes de militares que aderiam. Os sargentos andavam em grupos, fardados, pelas
ruas. Não se tomava precauções, não se guardava sigilo”.
A revolta do Porto, também conhecida como “revolta dos
sargentos”, devido ao papel central desempenhado pelos sargentos de vários
regimentos de infantaria, assim como da guarda-fiscal, tem início no Campo de
Santo Ovídio, atual Praça da República, dirigindo-se depois os revoltosos ao
edifício da Câmara Municipal. Foi aí que Alves da Veiga, advogado, jornalista,
professor e um dos mais prestigiados republicanos do Porto, proclamou a
República e foi hasteada a bandeira vermelha e verde do Centro Democrático
Federal 15 de Novembro, um clube republicano do Porto.
Os revoltosos foram rapidamente cercados pela Guarda
Municipal, que disparou sobre a multidão e sufocou a revolta. Foram presos e
julgados, tendo muitos sido condenados a penas de degredo em África. No mesmo
dia, o estado de sítio foi declarado na cidade.
Apesar do seu desfecho, a Revolta do Porto, que ainda hoje é recordada na cidade, é considerada como um primeiro antecedente da proclamação da República, que apenas ocorreria 19 anos mais tarde e já em circunstâncias políticas e sociais muito diferentes."
"(...) O conflicto anglo-portuguez de 1890 foi a causa unica da revolta do Porto. É preciso recordar em que circunstancias singulares a consciência nacional despertou para a rebellião, afim de comprehender como foi possível que esse movimento se produzisse no seio de uma sociedade tão pouco adextrada para as luctas civicas, como era ao tempo a sociedade portugueza. Estava-se em principios de Janeiro, sob uma situação progressista presidida pelo sr. José Luciano de Castro e na qual detinha a pasta dos estrangeiros o sr. Henrique de Barros Gomes, quando os jornaes começaram referindo-se com insistencia a possibilidade de um conflicto com a Inglaterra, a proposito das pretenssões d`esta nação sobre os territorios do Nyassa, onde algumas expedições portuguezas de carcter scientifico operavam ao tempo. (...)"
O Canto III sugere: Vamos ver quem ousa, se aventura a comentar,
analisar, criticar, ou simplesmente um gosto do poema “Fim de Ano” do Fernando
Pessoa.
Ficção de que começa alguma
coisa!
Nada começa: tudo continua.
Na fluida e incerta essência
misteriosa
Da vida, flui em sombra a
água nua.
Curvas do rio escondem só o
movimento.
O mesmo rio flui onde se vê.
Começar só começa em pensamento.
Fernando
Pessoa
Sinopse: Raymundo Antonio de Bulhão Pato, amanuense da Secretaria d`Estado das Obras Publicas, Commercio e Industria, Socio correspondente da Academia Real das Sciencias de Lisboa, etc. - N. em Bilbao, nas provincias vascongadas ( reino de Hespanha ), em 1830; e foram seus paes Francisco Antonio de Bulhão Pato e D. Maria da Piedade Brandy.- Publicou- se a seu respeito um esboço biographico- critico pelo sr Rebello da Silva, acompanhado de retrato, na Revista Contemporanea, tomo I ( 1859- 1860 ), pag. 539 a 550. ( In. - Inoc. T.VII, p.51)
Título: O Santo Condestabre
Sinopse: Resposta ao "Libello do Cardeal Diabo" do Sr. Dr. Júlio Dantas.
Sinopse:
Sinopse: "Tratado popular de plantas curativas e sua aplicação prática no tratamento de todas as enfermidades humanas.Obra dedicada aos enfermos, à classe médica e aos estudiosos em geral."
Sinopse:
Título: Duplo Passeio
Pascoaes era de fibra diferente: «cabisbaixo, sisudo, com uns olhos tristes e espantados», nas suas próprias palavras, ficou-se pelas regiões do Marão, numa vida solitária, intensamente sintonizado com a Natureza. Assim descreverá o universo da sua infância: «um pobre campanário de pedra, cercado de três casebres e oliveiras, com um sino sentimental que chora todas as tardes e por todos os que morrem». Espécie de «silenciosa atalaia planetária», na expressiva fórmula de Sant'Anna Dionísio, Pascoaes fez o curso oficial no Liceu Nacional de Amarante, tendo partido para Coimbra em 1896, com 18 anos, para se matricular no curso de Direito, de que concluiu o bacharelato em 1901. Ainda antes da partida para Coimbra, publicara, no Porto, Embriões (1895). Durante o período de estudante dá à luz Bello (1ª parte), 1896, Bello (2ª parte), 1897, Sempre, 1898, e Terra Proibida, 1899, prenunciando estes dois últimos livros, como observará Jacinto do Prado Coelho, «o sonambulismo, o poder de colocar-se no centro subjectivo da vida e de não sair dele, o alheamento dos outros homens, a imaginação do abstracto, o sentimento religioso das coisas, que tornariam inconfundível a sua poesia».
A vida coimbrã nada teve, no caso de Pascoaes, da protocolar estúrdia seguida pelos estudantes de então e de hoje, confinando-se o futuro autor de Elegia do Amor ao seu quarto, aos seus livros, aos seus papéis e às suas ruminações de homem que «não fora feito para este mundo», (Jacinto do Prado Coelho). «O seu coração», observa ainda Prado Coelho, «apenas devia palpitar pela virgem que nunca existiu e de que tem saudades, vaga aspiração de azul e de inocência. O verdadeiro amor de Pascoaes dirigia-se à natureza, ao silêncio, ao mistério, aos fantasmas. O mundo fantástico era o seu mundo». Em 1901 começa a exercer advocacia, em Amarante, abrindo escritório no Porto, em 1906. Em 1911 é nomeado juiz substituto em Amarante, cargo que exerce durante dois anos, dando por finda, em 1913, a sua carreira judicial. Sobre esta sua experiência jurídica de dez anos e sobre o conflito omnipresente entre o poeta e o causídico, dirá mais tarde Pascoaes: «Entre o poeta natural e o bacharel à força, ia começar um duelo que durou dez anos, tanto como o cerco de Tróia e a formatura do João de Deus».
Entre 1912 e 1916 dirige a revista A Águia, porta-voz do movimento Renascença Portuguesa, na qual o poeta divulga a sua filosofia do saudosismo, a partir da qual pretende inculcar a saudade como «expressão superior da alma portuguesa», nas suas duas vertentes de lembrança e desejo.
A sua vida, a partir desta data, pouco tem do relatável: chumbado ao Marão, «naquele cenário de aspectos roncos, alheio à comédia quotidiana da Terra dos homens meio anjos, meio demónios», (José Gomes Ferreira), postado face à grandiosidade às vezes lunar da paisagem e «perto dos deuses iniciais» (idem), Pascoaes dá-se todo à sua vida de iluminado interior, ao seu «verbo do princípio do mundo» (idem), ao seu espanto religioso, esquecido do mundo que o rodeia, alheio quase sempre ao seu tempo, prosseguindo um discurso poético hostil às mais depuradas conquistas modernas, como quem despreza – por isso, é desprezado – as guerrilhas e intrigas mais ou menos mundanas da nossa feira literária. «Teixeira de Pascoaes», dirá o seu «irmão» mais novo, Miguel Torga, «é o trágico aedo existencial da nossa condição de exilados da realidade, de encobertos no descoberto, de perseguidores de imagens».
Desconfiado e mesmo hostil relativamente a Pessoa, que considerava pouco ou nada poeta, este último retribuiu-lhe, acusando-o de sofrer de pouca arte e prestando-lhe apenas «uma correcta deferência fria como a veneração que é devida aos grandes deuses mortos» (Jorge de Sena). De algum modo impregnado pelas vozes poéticas e díspares de Junqueiro e de António Nobre (que considerava, ironizando, a nossa maior poetisa...), Pascoaes difere deles, afinal, por construir, como observa Prado Coelho, «frases mais amplas, mais repousadas, ao sabor clássico» e por ser «quase sempre simples e directo, moderado nas metáforas, parece[ndo] anterior aos simbolistas pela claridade e pureza das formas». Voz de profeta bíblico, sem ascendência clara («Mal acabei de lê-lo, senti que nascia um deus novo não sei onde», confessa José Gomes Ferreira), presença lunar e fantasmática, percurso de uma monotonia intensa e dolorosa – a poesia de Pascoaes é, observa Domingos Monteiro, «a mais bela tentativa de expressão do inexprimível que nos últimos dois séculos se realizou em Portugal».
Eleito, em 1923, para a Academia das Ciências de Lisboa e homenageado, em 1951, pela Academia de Coimbra, traduzido para várias línguas e elogiado pelos seus pares mais insígnes, Pascoaes é, paradoxalmente, um poeta não tão lido em Portugal, como devia ser: mas o seu nome e a sua obra gozam, junto de uma qualificada minoria (minoria em relação a Pessoa, por exemplo), de enorme e sólido prestigío e os seus livros, esgotada a edição crítica de Jacinto do Prado Coelho, estão a ser condignamente reeditados por uma empresa de gente nova.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III,
Lisboa, 1994
"Como o jornalista português Belo Redondo disse, "a vida nacional gira à volta de uma chávena", numa referência inequívoca da importância das tertúlias em Portugal. As tertúlias foram "importadas" para Portugal de Paris, onde surgiram e se espalharam pelo mundo, associadas aos cafés. Cada café tinha uma, ou mais, tertúlias sobre temas diferentes. Paralelamente, os seus integrantes identificavam-se como pertencendo à tertúlia A ou B, numa clara divisão das águas entre correntes de pensamento diferentes.
Historicamente em Portugal, o Chiado, dado o grande número de cafés aí existentes, assumiu a liderança em número de tertúlias; A Brasileira, o Nicola e outros receberam tertúlias com participantes tão influentes como Bocage, Alexandre Herculano, António Feliciano de Castilho, Almada Negreiros, Eduardo Viana, António Botto, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro ou Stuart Carvalhais entre outros. No Porto, o Majestic, A Brasileira e o Guarany, eram os locais por excelência onde se reuniam intelectuais, artistas e políticos. Coimbra, Faro, na realidade qualquer cidade ou vila de Portugal, tinham, nos seus cafés, tertúlias onde se discutia tanto a política nacional ou internacional, o futebol ou o mais recente mexerico da terra.
Foram em torno destas tertúlias de café que a política e as artes portuguesas do século XIX e primeira metade do século XX se desenvolveram, pelo cruzar de opiniões, troca de ideias, apresentação e discussão de ideias e livros novos etc. Com o advento do Estado Novo, as tertúlias tornam-se o último reduto da discussão livre da censura, mas, com o tempo, são cada vez mais espiadas pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE). Um exemplo disto foi o Grupo do Café Gelo. Paralelamente, a melhoria das comunicações, nomeadamente com o advento da televisão, e o aparecimento de outros espaços, levaram ao desaparecimento gradual das tertúlias."
Todavia, na Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto, no CANTO III - Livraria Alfarrabista, a Tertúlia acontece.
Título: Estética Presencista
É Natal,
nunca estive tão só.
Nem sequer
neva como nos versos
do Pessoa ou
nos bosques
da Nova
Inglaterra.
Deixo os
olhos correr
entre o
fulgor dos cravos
e os
dióspiros ardendo na sombra.
Quem tem
assim o verão
dentro de
casa
não devia
queixar-se de estar só,
não devia.
Eugénio de
Andrade, in Rente ao Dizer